As dificuldades de quem quer estudar à noite...
O recente processo de modernização económico-social do nosso país e o seu enquadramento em espaços marcados por racionalidades político-ideológicas mais globais têm constituído um campo favorável à instrumentalização de alguns domínios do conhecimento das ciências sociais e mesmo a uma certa mistificação de alguns conceitos estruturantes do saber científico. Esta realidade encontrou expressão significativa sobretudo nas décadas de 80 e 90, quer nos domínios da administração empresarial, quer mais recentemente no domínio da educação escolar. No caso particular dos enfoques sociológicos sobre as organizações educativas, assiste-se com alguma recorrência à imposição de algumas problemáticas teóricas que, num reduzido espaço de tempo, passaram a fazer parte dos discursos sobre a educação. Com efeito, num quadro político marcado pelo avanço das lógicas de mercado, em ligação estreita com a modernização do país, o apregoar de valores como a eficácia, a competitividade, a excelência, entre outros, como fins a inscrever nas orientações da organização escolar, mais não faz que retirar protagonismo e sentido a valores que vulgarmente se discutem, como a autonomia, a participação e a democracia escolar. É neste contexto que o conceito de cultura organizacional ganha um sentido marcante, ao adquirir o estatuto de técnica ao serviço dos objectivos educacionais, que deveriam ser dirigidos para qualquer tipo de aluno.
Porém a minha actividade como docente, levou-me nestes últimos anos a contactar com uma realidade, que nem sempre está visível, que é o esforço que o aluno adulto realiza, ao estudar em regime nocturno, para ser capaz de responder positivamente aos desafios de uma sociedade que se pretende desenvolvida racionalmente.

Depois de uma paragem, estou de voltar.
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